Lorde fala sobre seu sucesso Royals
Entrevista com Lorde
— Não acho que eu esteja seguindo um caminho diferente. Eu só venho de outro lugar, tenho histórias diferentes, acredito em outras coisas — conta Ella, em entrevista exclusiva ao GLOBO. — Todo mundo me compara com a Miley, mas não sei bem o porquê. A verdade é que não sou competitiva o suficiente para fazer comparações com as minhas colegas — complementa a cantora, que recusou a oportunidade de abrir os shows da turnê mundial de Katy Perry (de quem gosta) por não achar que era o certo para sua carreira.
A postura quase blasé não a manteve afastada de polêmicas neste pouquíssimo tempo de showbiz. Ao criticar Selena Gomez por “antifeminismo” e os rappers Nicki Minaj e Drake, cujos temas considera “irrelevantes”, a mocinha comprou brigas públicas. Talvez por isso (e muito provavelmente aconselhada por um assessor), se recuse a falar de outro assunto espinhoso. Ao se opor ao estilo de vida bling-bling de grande parte do hip-hop, Ella acabou acusada de racismo:
— Não tenho nada a dizer, essa acusação não me preocupa. Só quis discutir as diferenças entre o estilo de vida cantado na música pop e o que eu vivia. A gente não dirige carrões, não bebe champanhe por aí.
Sua autodefesa, porém, acaba vindo de forma velada. Ao citar suas maiores influências, enumera de cara o megalomaníaco Kanye West e a diva Grace Jones, entre outros nomes, como David Bowie:
— Gente que tem essas longas carreiras, se reinventa e consegue soar diferente.
Filha de um engenheiro e da premiada poeta Sonja Yelich, Ella era uma menina que costumava sair com os amigos e andar pela cidade para colocar as ideias em ordem. Ou então ficava quieta em seu canto, atracada com seus livros (entre os autores favoritos da cantora estão Raymond Carver e T.S.Eliot). Descoberta em um concurso de escola, trabalhou com o produtor local Joel Little por quase três anos até chegar ao EP “The love club”, lançado em novembro passado. O disquinho veio sem covers, partes rappeadas e batidas dançantes, totalmente diferente do usual para uma artista pop. Na arte da capa, nada de fotos bem produzidas e photoshopadas, e sim uma versão ilustrada de si mesma, em traços estranhos. Ao optar por distribuir o disquinho de graça na rede, chegou aos 60 mil downloads após ter “Royals” indicada por Sean Parker, criador do Napster.
— Eu queria ser acessível para as pessoas da minha idade, fazer o mesmo que os artistas independentes que eu admiro fazem — conta a cantora, que, apesar de extremamente jovem e ainda desconhecida, resistiu aos apelos da indústria e conseguiu se manter firme em suas posições, seguindo os mesmos preceitos após ser contratada pela gigante Universal e lançar “Pure heroine”. — Quis que a capa do disco lembrasse a de um livro. E você não vê fotos dos autores na capa dos livros, né? Achei legal também que as pessoas não soubessem nada sobre o disco só de ver a capa, elas têm que ouvir para descobrir o que está lá dentro.
Ao ser questionada sobre a pressão advinda da fama, mais uma vez ela dá de ombros:
— Por que eu me sentiria pressionada? Eu realmente me sinto bem. Não imaginava que uma coisa dessas fosse acontecer, só achava que tinha gravado algo legal e fiquei bastante orgulhosa com o resultado do disco, mas você nunca sabe se as pessoas vão gostar , então acabei sendo surpreendida.
O sucesso, para ela, também não se transformou em fórmula:
— Sou uma mulher diferente da que escreveu o primeiro disco. Para o próximo, tenho composto sobre minhas viagens, sobre essas coisas que ando fazendo. Quero continuar surpreendendo, fazendo coisas diferentes e sendo verdadeira comigo mesma.
Entrevista realizada pelo O Globo
Assista ao clipe Royals da cantora.